sábado, 12 de maio de 2012

Pigmy Nightjar (Bacaurauzinho da caatinga)


Esse ai meio cinza que parece uma pedra é um passarinho

A Pigmy Nightjar chick camouflaged in the stony soil of the caatinga / É dificil acreditar que esta é uma ave, mas é! É um filhote camoflado entre as pedras da caatinga (São Mamede, PB, Brazil)

terça-feira, 27 de março de 2012

Sertão

Olhem só que linda essa foto do sertão de sobral.

Rolinha Caldo-de-feijão (Columbina talpacoti)

Olha só o que achamos no quintal!

Minha mãe achou ele (ou ela, ainda não sei bem) E estava ao lado de outro filhotinho, infelizmente ja morto. Como passei o final de semana fora de casa acho que ele ficou la no chao umas duas noites na chuva e no frio e ele é um guerreiro por que sobreviveu. Fiz um ninho meio que improvisado e estou cuidando dele. Ele gosta muito de arroz e vita-milho. Nos primeiros dias era meio na dele, mas depois ja estava tentando voar pela casa e fazendo amizade com todo mundo. O nome (por enquanto) é Chiquinho, em homenagem a Chico Anízio que morreu na semana passada.  Acho que daqui a umas 2 semanas ele já consegue voar e quando o fizer, será libertado.  Andei pesquisando um pouco e achei isso aqui sobre ele: 

Adapta-se aos ambientes artificiais criados pela ação humana. Vive em áreas abertas; o desmatamento facilitou sua expansão, em especial nas áreas formadas para pasto ou agricultura de grãos. Entrou nas grandes cidades das regiões sudeste e centro-oeste do Brasil; facilmente encontrada no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Alimenta-se de grãos encontrados no chão. Havendo alimento, reproduz-se o ano inteiro. O casal mantém um território de ninho, afastando as outras rolinhas de perto. O macho possui um canto monótono, de dois chamados graves e rápidos, repetidos continuamente por vários segundos.
Os ninhos são pequenas tigelas de ramos e gravetos, feitos entre cipós ou galhos, bem fechados pelas ramadas do entorno. Postura de 2 ovos, chocados pelo macho e fêmea entre 11 e 13 dias. Os filhotes saem do ninho com no máximo 2 semanas de vida. O casal, às vezes dois dias depois, já inicia nova ninhada, quando as condições ambientais permitem.
O filhote sai com traços da plumagem de cada sexo. O macho, com penas marrom avermelhadas (foto), cor dominante no corpo do adulto, em contraste com a cabeça, cinza azulada. A fêmea é toda parda. Nos dois sexos, sobre a asa uma série de pontos negros nas penas.
Muito agressivas entre si, embora possam formar grupos, disputam alimentos e defendem territórios usando uma das asas para dar forte pancadas no oponente. Os machos são mais belicosos. Nas disputas ou quando tomam sol, deitadas de lado no chão e com a asa esticada para cima, mostram a grande área de penas negras sob a asa.
E um dia ele vai ficar assim ↓
Depois conto o final dessa história. 
Até o próximo post.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Aconteceu na Caatinga

Era meio-dia e a caatinga brilhava à luz incandescente do Sol. O pequeno Calango deslizou rápido sobre o solo seco, cheio de gravetos e pedras, parando na frente do majestoso Mandacaru, que apontava para o céu seus espinhos, os grandes braços abertos em cruz. 
- Mandacaru! Mandacaru! Eu ouvi os homens conversando lá adiante e eles estavam dizendo que, como a caatinga está muito seca e cor de cinza, vão trazer do estrangeiro umas árvores que ficam sempre verdes quando crescem e estão sempre cheias de folhas. 
- Mas que novidade é essa? - falou a Jurema. 
- Coisa de gente besta - disse o Cardeiro, fazendo um muxoxo irritado e atirando espinhos para todo lado. 
- Eu é que não acredito nessas novidades - sussurrou o pequeno e tímido Preá. 
A velha Cobra, cheia de escamas de vidro e da idade do mundo, só fez balançar a cabeça de um lado para o outro e, como se achasse que não valia a pena falar, ficou em silêncio. 
E no outro dia, bem cedinho, os homens já haviam plantado centenas de arvorezinhas muito agitadas, serelepes e faceiras, que falavam todas ao mesmo tempo na língua lá delas, reclamando de tudo: do Sol, da poeira, dos bichos e das plantas nativas, que elas achavam pobres, feias e espinhentas. Enquanto falavam, farfalhavam e balançavam os pequenos galhos, que iam crescendo, ganhando folhas e ficando cada vez mais fortes. 
Enquanto isso, as plantas da caatinga, acostumadas a viver com pouca água, começaram a notar que essa água estava cada vez mais difícil de encontrar. As raízes do Mandacaru, da Jurema e do Cardeiro cavavam, cavavam e só encontravam a terra seca e esturricada. 

O Calango então se reuniu com os outros bichos e plantas para encontrar uma solução. E foi a velha Cobra quem matou a charada: 
- Quem está causando a seca são essas plantinhas importadas e metidas a besta! Eu me arrastei por debaixo da terra e vi o que elas fazem: bebem toda a nossa água e não deixam nada para a gente. 
- Oxente! - gritou o Calango. - Então vou contar isso aos homens e pedir uma solução. 
Mas logo o Calango voltou, triste e decepcionado. 
- Os homens não me deram atenção - disse. - Falaram que eu não tenho instrução, não fiz universidade e que eu estou atrapalhando o progresso da caatinga. 
E todos os bichos e plantas ficaram tristes, mas estavam com tanta sede que nem sequer puderam chorar: não havia água para fabricar as lágrimas. Por muitos dias ficaram assim e quando estavam à beira da morte houve um movimento: era o Preá, que levantou o narizinho, farejou o ar e, esquecendo a timidez, gritou: 
- Estou sentindo cheiro de água! 

- É mesmo! - gritaram todos. 
- O que será que aconteceu? - perguntou a Jurema. 
- Eu vou ver o que foi - e o Calango saiu veloz, espalhando poeira para todos os lados. O Mandacaru estirou os braços, espreguiçou-se e sorriu: 
- Estou recebendo água de novo! Hum... É muito bom! Mas vejam! O Calango está de volta com novidades! E espichando meio palmo de língua de fora, morto de cansado pela carreira, o Calango contou tudo. 
- As pequenas bandidas verdes, depois de beber quase toda a água da caatinga, estavam ameaçando a água dos rios e dos açudes perto das cidades. Os homens então viram o perigo e deram fim a todas elas. Estamos salvos! 
E todos ficaram alegres, sentindo a água subir pelas raízes. Olharam para o céu azul da caatinga, aquele céu claro, o Sol brilhante, olharam uns para os outros e viram que eram irmãos, na mesma natureza, no mesmo tempo, na mesma Terra. 
E a velha Cobra, desenroscando-se toda lentamente, piscou o olho e concluiu: 
- É como dizia minha avó: cada macaco no seu galho!

Conto de Clotilde Tavares