sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Riqueza oculta no sertão (parte III)

Formigas e árvores
 
Coordenado pelos ecólogos Inara Leal e Marcelo Tabarelli, ambos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e pelo ornitólogo José Maria Cardoso da Silva, professor licenciado da UFPE e vice-presidente da Conservation International (CI) do Brasil, o Ecologia e Conservação da Caatinga contou com apoio financeiro do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), da própria CI, da The Nature Conservancy do Brasil e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Um dos artigos originais, assinado por Inara, trata da dispersão de sementes pelas formigas na Caatinga. Desse processo que permite às sementes germinarem longe da planta-mãe, evitando a competição por nutrientes, participam pelo menos 18 espécies de formigas e se beneficiam 28 espécies de plantas, entre elas 11 da família das euforbiáceas, a mesma da faveleira ( Cnidosculus phyllacanthus ), uma árvore cujo fruto, ao amadurecer, abre-se com um estalo e lança as sementes para longe.

Inara descobriu que as formigas preferem as sementes com um corpo gorduroso, o elaiossomo, que lhes serve de alimento, ao mesmo tempo que facilita o transporte das sementes, algumas carregadas por até 11 metros. Formigas como as saúvas ( Atta ), as quenquens ( Acromyrmex ), as lava-pés ( Solenosis ) e as tocandiras ( Odontomachus e Ectatomma ) também comem a polpa dos frutos de cinco tipos de cactos e três espécies da família das anacardiáceas, a mesma do umbu ( Spondias tuberosa ). Elas retiram toda a polpa dos frutos caídos no chão da mata e deixam as sementes completamente limpas. "Esse comportamento diminui o ataque de fungos e aumenta as taxas de germinação das sementes", diz Inara.